27 de abril de 2009

Fim dos desencontros

A tecnologia está evitando que as pessoas se desencontrem e, com isso, eliminando os recursos da narrativa clássica.

O best-seller Douglas Preston tinha uma personagem feminina perseguida em um beco escuro de Nova York. Pensando na possibilidade dela ter um celular, Preston deslocou a cena para o metrô, onde na época não “havia sinal”. Outro americano, M. J. Rose, afirmou que seu próximo livro será ambientado em 1948, para que hajam conexões perdidas e "erradas".

Quando ia visitar minha namorada e perdia o ônibus, ela achava que eu tinha mudado de ideia ou fora assaltado. Agora posso enviar uma mensagem, com voz e imagem, dizendo que vou atrasar uma hora. Sem nenhum saudosismo, acho que as grandes histórias ainda vêm de um mundo onde haja distância entre as pessoas.

2 comentários:

maria tuca disse...

sim sim a poesia precisa de espaço de imaginação
um certo risco
a possibilidade do perder-te e ao perder-te
me perder
de vislumbrar o horizonte
fantasiar os encontros
os desencontros
precisa de uma sensação que é atemporal
essa que a distância causa
a angústia de se perceber efêmero
a probabilidade de não haver amanhã

as conexões erradas rendem no mínimo
bons conflitos cômicos
nos devolvem o direito de sermos imperfeitos
de sonhar com o talvez
...

poderia ficar escrevendo horas, acho
tenho lido seu blog
gosto muito dos textos
são fortes e instigantes
é bonito ver como são claras suas opiniões
raro, eu diria, num tempo onde tudo fica sempre meio obscuro, onde ninguém mais se compromete
é inspirador
enfim, parabéns pelo blog
bjo
tuca

maria tuca disse...

sobre meu comentário anterior:
"a possibilidade de perder o outro e ao perder o outro
perder a si mesmo"
corrigindo...
porque costumo provocar equívocos
delitos involuntários