4 de maio de 2012

Lua em cor de cobre


Marco e Luiza continuam pelo deserto. Quando a noite tomba, aproximam-se da tenda e veem, sobre a planície, a lua que desmaia em cor de cobre.
- Ó noite! Grande noite!..., exclama Marco. Se o vento nos levasse em suas asas!
Ao lado da fogueira, nos imensos jardins do oásis, como amante em noite de núpcias, Luiza se prepara à beira da fonte.
- Onde acabará esta viagem? Haverá outros jardins, sob um céu mais tranquilo? Tivemos um casamento feliz? Com que sonhas agora, querido? Toda minha alma suspira, enlanguesce junto a ti.
Percebem que são livres para inventar o amor, com o preço da completa imprecisão.
- Quem somos nós? O futuro mostrará? Quando o futuro chegar, a pergunta mudará? Será que fizemos o que queríamos? Será que preenchemos nosso destino?
Jamais irão saber. O destino habita a alma selvagem - alma que entregaram em troca de conforto e paz espiritual. 
Deitam-se ao lado de um ralo tufo de palmeira, sob a lua ensanguentada, e soluçam de amor pela noite.
No dia seguinte, o deserto se cobre de miragens, e partem amparados pela visão de não se sabe qual felicidade, como quem prepara cuidadosamente um sonho.
Marco canta as florestas profundas, o odor dos musgos, as brumas da manhã e a umidade que há nos prados. Luiza ouve com calma, menciona o azul mais claro, o ar menos escaldante, a noite menos tórrida.  
- Lá estaremos em breve?

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