22 de maio de 2009

Canção do exílio

O homem medieval vivia numa floresta junto aos enigmas escondidos que traziam o sentido divino de sua criação. Nós, “modernos de criação”, enxergarmos o mundo pronto, como a mobília de nossas casas.

E como morremos de medo a todo instante, vivemos uma espécie de saudade do encantamento do mundo, satisfazendo essa nostalgia atrás do sobrenatural.

Os livros, por exemplo, supriram a leitura misteriosa do mundo. Edgard Allan Poe se tornou referência, porque adoramos encontrar fantasmas e mortos-vivos. O Código Da Vinci, que ninguém resistiu em ler, é a prova perfeita do desencanto. Atrás dos enigmas, há um homem comum, como todos nós.

A forma de encantamento que nos resta é a mesma que se vive em São Paulo, onde uma rua é cruzada por pessoas cheias de desejo, que trancam, em si, todos os sonhos do mundo. Por isso troquei a metrópole pela floresta. E encontrei meu Monte Everest. Por isso continuarei mergulhado na polifonia consonante das cachoeiras de pássaros, com os braços abertos, no mais profundo e misterioso voo da vida.

5 comentários:

Chuck Hipólito disse...

Hoje morreu Zé Rodrix, que escreveu isso:

Casa No Campo
(Zé Rodrix e Tavito)

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

...

E nada mais!

Tô contigo bro!! Aproveite a vida!

Marcelo Maluf disse...

Querido amigo Pedro,
O teu texto é de uma força incrível. As tuas palavras reverberaram dentro de mim, como só reverberam palavras escritas com verdade e entrega.
Acho mais do que legítima a tua escolha. E, dentro de mim, sei que logo não suportarei o nosso caos diário paulistano. Vida longa aos pássaros e cachoeiras vivas dentro de ti. Você escolheu SER, e isso é de uma coragem brutal!
Abraço enorme do amigo,
Marcelo

Orlando Neto disse...

Num lambe-lambe nas ruas de São Paulo está escrito: Independentemente da essência, você é o aqui e agora; independentemente das frustrações, você está agora aqui, olhe ao redor, viva a vida.

Sil Mockreys disse...

É dificil pra mim compreender isso, eu que sempre fiz rock e acho que a música é tanta coisa!
A música é: uma Senhora de grande respeito!
Enfim, vou continuar compondo e tentar amadurecer em outras praias...
Um grande beijo.
Sil

silvia mokreys disse...

Pedro, vc assinou meu nome errado!
Mokreys não tem c antes do k.